Microvespa contra a broca

Trichograma galloi: Produtores estão utilizando o inseto no controle da broca

Até então, a vespa Cotésia flavipes que parasita a broca-da-cana, tem sido o inseto mais usado no combate à praga, porém, produtores da região começaram a utilizar o Trichograma galloi, uma vespa de 0,1mm que parasita os ovos antes da eclosão da lagarta, evitando que os danos aconteçam

 

Leonardo Aziani, Técnico da Bug

 

O índice de infestação da broca nas lavouras de cana da região atendida pela Assocana não é nada bom. “A pressão de broca é forte, de fato um problema para os produtores”, afirma o agrônomo Leonardo Aziani, representante Técnico da Bug Agentes Biológicos, que está atuando na região desde o início do ano.

A empresa, com sede em Piracicaba, está desenvolvendo um trabalho com alguns fornecedores da região, utilizando a ação do Trichograma galloi, que é diferente da Cotésia, porque a microvespa ataca os ovos da mariposa, conhecida como broca-da-cana (Diatraea saccharalis), inoculando neles seus próprios ovos e impedindo que o inseto, na sua fase de lagarta, ecloda e ataque a planta.

Segundo Leonardo, o controle com o T. galloi pode tratar uma cana com qualquer nível de infestação, no entanto, ele vai muito bem em área com altos índices e a explicação é simples: como o Trichograma é dependente de ovo para se perpetuar na área, quanto maior a infestação, mais ovos vai ter e melhor ele vai se reproduzir. “De um ano para o outro, é capaz de derrubar uma infestação de 10% - que é muito alta e até inaceitável - para 3% ou 4%, se o controle for bem feito”, afirma o Técnico.

Modo de fazer

 


Armadilha de feromônio

 

No sistema de trabalho da Bug, o levantamento para saber o nível de infestação envolve um estudo. “Não é só olhar, ver que tem broca e sair controlando. Existe um ‘pacote’ de serviços por trás disso”.

Leonardo explica que o levantamento é rápido e fácil: para um raio de 50 hectares são colocadas no campo armadilhas de feromônio, com uma cola dentro e um bobe de cabelo envolto por um tecido. Dentro desse bobe são colocadas de três a quatro fêmeas virgens da mariposa, que liberam o feromônio para atrair os machos. Após três noites é feita a contagem nessa armadilha “branca”. Se for constada a captura de mais de 10 machos, já significa que terá a quantidade de ovo suficiente para o trichograma se perpetuar na área. “Aí, temos de sete a dez dias para iniciar o tratamento”.

Método de distribuição dos insetos

Existem três alternativas para distribuir o Trichograma na área infestada pela broca: manual, que é a mais barata; aplicação aérea, que tem um custo maior, mas não necessita de mão de obra, é mais rápida e mais uniforme; e também utilizando uma motocicleta devidamente equipada para a tarefa, que tem um custo interessante. “Os resultados não se diferenciam muito, mas os melhores são obtidos por meio da aplicação aérea”, afirma o técnico da Bug.

Distribuição manual das cartelas

 

As cartelas são colocadas a cada 20 metros. Depois da eclosão dos ovos, as vespinhas saem por furinhos da cartela

 

Os ovos parasitados são colocados em embalagens perfuradas criadas e patenteadas pela Bug. Elas são feitas de cartelas biodegradáveis formadas por três camadas superpostas de papelão. A camada intermediária tem “túneis” milimétricos, que formam cápsulas capazes de armazenar 2 mil ovos. Depois que as vespinhas eclodem dos ovos, elas saem voando pelos furinhos da cartela. “Fazemos três liberações seguidas, sendo uma por semana, numa média de 50 mil vespas por hectare em cada liberação. O inseto tem vida útil de sete dias e só voa 10 metros nesse período, assim, as cartelas são colocadas a cada 20 metros. Quando a fêmea adulta do Trichogramma encontra os ovos da broca-da-cana, ela os parasitam, inoculando dentro deles seus próprios ovos. Com isso, impede que a lagarta se prolifere.

 

Preserva os inimigos naturais

O Trichograma tem a vantagem de manter os inimigos naturais da área, o que é muito importante. “A formiga é o principal agente controlador da broca hoje, controlando até 90%. Numa área em que é colocado muito produto químico, certamente um desequilíbrio vai acontecer”.

Produtor sempre acreditou no controle biológico

O associado Paulo Bannwart é um dos produtores que está utilizando o Trichograma, porque acredita que o controle biológico é mais uma ferramenta no combate às pragas. “Um bom exemplo disso é que muitas empresas fabricantes de agroquímicos já estão desenvolvendo seus próprios produtos biológicos ou adquirindo outras empresas que já atuam nesse mercado para inserir em seu portfólio também os produtos biológicos. Essa é uma tendência que já ocorre no mundo inteiro”, observa Bannwart.

 
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